112 anos de Esperança

Há algum tempo que não publicava um conto mas hoje é dia de “Conto do Mês”. Trago-vos uma narrativa onde, mais uma vez, a protagonista é uma personagem com uma idade veneranda, alguém “maior”, como dizem os espanhóis (expressão que muito me agrada). Espero que gostem desta personagem tanto como eu!

O meu convite é para desligarem por alguns minutos a ficha, dedicarem-se à leitura durante alguns minutos e deixarem-se envolver por este conto que vos trago.

Ah…e no fim, partilharem! Enjoy

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Photo by Cristian Newman on Unsplash
« Sachez que c’est l’espoir qui gagne « Saiba que é a esperança que vence
Et qui terrasse l’indifférence E que supera a indiferença
C’est lui qui déplace des montagnes É ela quem move montanhas
C’est lui qui provoque la chance É ela que provoca a sorte
Et c’est l’envie et non la rage É a vontade e não a raiva
Qui doit tracer votre chemin Que deve guiar o nosso caminho
Il doit y avoir dans vos bagages Deve haver na nossa bagagem
Du courage pour vos lendemains… Coragem para os amanhãs
(…) (…)
Sachez qu’il faut vivre vos rêves Saiba que é preciso viver os sonhos
Et qu’il faut choisir l’aventure ( …) » Que é preciso escolher a aventura (…) »

                                                                                                      Mes enfants – Grégoire

Paula não queria acreditar no trabalho que tinham acabado de lhe atribuir. Era de certeza a forma velada de lhe “agradecerem” os dias em que tinha faltado ao serviço, fruto de um gripe que a tinha pregado à cama por, praticamente, uma semana. Ela sabia que o trabalho na revista era muito e que não podiam prescindir de uma jornalista de um momento para o outro. Sabia que a sua ausência tinha sobrecarregado os seus colegas mas, caramba, não tinha sido escolha dela ficar doente! Mais! Estava convencida que a monumental gripe que se apoderara do seu corpo se devia àquelas estadias na rua na vã esperança de conseguir entrevistar alguma das estrelas na entrada para aquilo que tinham apelidado de “A Festa do Ano”. Que coisa tão desinteressante… Não era para isto que ela tinha estudado tanto. Podia admitir, neste momento, que sempre olhara para a sua profissão de um modo um pouco sonhador. Aquando da faculdade imaginava-se num qualquer cenário de guerra a fazer diretos que o país seguiria, suspenso nas suas palavras. Imaginava-se junto do primeiro-ministro do país a colocar perguntas pertinentes que todos queriam ver respondidas, sendo reconhecida como uma das maiores jornalistas políticas do país. Imaginava-se a correr o país, sim, mas para fazer reportagens sobre temas pertinentes para o país e para o mundo e até tinha chegado a imaginar-se a receber um qualquer prémio jornalístico. Na sua juventude tinha pintado a sua profissão de uma forma idílica, é um facto. Preferia, de longe, o mundo do jornalismo televisivo, chegara a sonhar com ter o seu próprio “Prós e Contras”. Ainda que apreciasse mais o jornalismo televisivo não colocava de parte o jornalismo escrito. Poderia ter uma coluna semanal num jornal de renome onde poderia expor as suas opiniões sobre o país e o mundo. Na sua juventude e enquanto se formava as possibilidades, na sua cabeça, eram mais que muitas. Podia ser o que quisesse, quando quisesse. Contudo nunca, em tempo algum, se tinha imaginado a trabalhar para uma “revista da sociedade”, o que era uma forma bonita de se referir às revistas cor-de-rosa. Nunca tinha encarado o trabalho que se fazia nestas revistas com seriedade, nem acreditava que quem escrevia aqueles artigos pudesse ter algum tipo de formação jornalística. Portanto, revistas nunca tinham sido uma possibilidade de emprego para ela. E no entanto, ali estava ela… O facto é que fora a revista que lhe permitira, primeiramente, estagiar lá e, mais tarde começar a trabalhar. Não era o trabalho de sonho para ela, é verdade, mas a verdade é que era com ele que podia contar para pagar as contas. E, tinha de ser honesta, aos poucos tinha conseguido impor algumas das suas ideias. A revista contava agora, uma vez por mês, com uma reportagem mais alargada sobre temas que ela considerava pertinentes, importantes e, sem dúvida, mais interessantes do que saber se a Cristina Ferreira tinha um namorado novo ou qual era a marca do vestido e dos sapatos que a Rita Pereira envergara na festa que marcara o fim do verão no Algarve. Ela própria já tinha assinado algumas destas reportagens e era algo de que se orgulhava bastante. Aquela reportagem sobre uma família de refugiados Síria tinha até trazido alguma notoriedade para o seu nome. Perante isto tudo ela pura e simplesmente não podia aceitar que a enviassem para os confins do país para entrevistar uma idosa! Que interesse poderia isso ter? Ela poderia escrever o artigo praticamente sem ir lá. “A mulher mais velha do país conta com 112 anos”. O que poderia escrever sobre esse assunto? Que era criança aquando da I ª Guerra Mundial. Que tinha vivido a IIª Guerra Mundial? Se falasse sobre o assunto até poderia ser uma entrevista interessante. Mas o mais certo era ir encontrar uma velhota meio senil que não se lembraria de muito para contar para além do tempo em que era criança e vivia feliz no campo… E também a revista não pretendia um artigo muito longo. Alguns comentários sobre a festa de aniversário, alguns dados como a data de nascimento, número de filhos e neto…o básico. No fundo algo que poderia ser feito, sem qualquer dificuldade, por um jovem estagiário mas que lhe tinha sido atribuído a ela. Raios! Ninguém conseguiria tirar da sua cabeça que estava ser punida severamente por algo que não era mais do que um direito seu. O ambiente com o novo diretor da revista estava longe de ser calmo e pacífico. Tinha como objetivo dobrar os resultados da revista. O lado humano era algo que não o preocupava muito. Os funcionários estavam ali para trabalhar (e muito!) e não para ficar em casa por algo tão simples como uma gripe!

Paula ia remoendo todos estes pensamentos na sua cabeça enquanto avançava pelas estradas de Portugal à procura da pequena aldeia de Casal Fragoso, perdida no meio do Alentejo. “Pelo menos posso apreciar a paisagem, enquanto conduzo” – pensou de si para si. Era primavera, os campos estavam verdes, apresentando longas extensões de amarelo e/ ou roxo, cores oferecidas pelas pequenas flores que se encontravam em pleno florescimento. Abriu um pouco o vidro, aumentou o som do rádio e decidiu tirar partido daquela viagem. “Pior seria estar à chuva à espera de entrevistar alguém! Vá, anima-te! Com sorte chegas e a velha senhora dorme, falas rapidamente com um filho ou um vizinho e segues viagem…”. Posto isto começou a acompanhar, alto e bom som, a canção que passava na rádio. Considerou que era até bom presságio ouvir, de forma totalmente inesperada, uma das suas músicas de sempre: “We are the world”. Cantou, imitou os tons de voz dos vários cantores, gritou ao estilo da Cindy Lauper e sentiu que aquela única música tinha tido o dom de a deixar animada e com a alma a sorrir.

Pouco passava do meio-dia quando finalmente chegou a Casal Fragoso. Dirigiu-se ao centro da vila para saber onde poderia encontrar a D. Esperança (assim se chamava a senhora mais velha de Portugal!). Sabia que pernoitava no lar da vila mas, segundo lhe tinham dito, passava o dia fora, em casa da filha. Parou o carro e olhou à sua volta. Que vila bonita aquela em que se encontrava. Parecia um verdadeiro postal representativo do Alentejo. Umas casas baixinhas e imaculadamente brancas, janelas com barras amarelas à volta. Várias ruas que seguiam paralelas umas às outras, ladeadas de vasos com flores que acrescentavam um colorido fantástico às ruas calcetadas de uma pedra escura. Lá mais acima via-se a igreja: pequena mas também ela de uma alvura ofuscante.

Decidiu seguir a pé. Visitaria a vila, com certeza iria encontrar uma pessoa na rua ou até mesmo um café onde lhe pudessem dar informações de onde encontrar a D. Esperança. Começou a subir uma rua. Um pouco à frente encontrou um gato que olhou para ela com um ar desconfiado, olhar de quem sabe que ela não pertencia àquela vila. Mais à frente, um cão veio ter com ela num trote leve e um ar de quem adora a vida e as pessoas. Paula baixou-se para lhe fazer uns mimos e aproveitou para pegar na sua máquina fotográfica. Toda aquela beleza merecia ser imortalizada.

Chegou então, junto dela, uma pessoa que seria, sem dúvida alguma, um habitante da vila.

B’dia – disse ele. Não parece de cá a menina. Precisa de ajuda?”

Paula sorriu. Como eram diferentes as pessoas das aldeias em relação às pessoas da cidade. Havia quem as achasse intrometidas. Ela apenas considerava que eram pessoas simpáticas e prestáveis. Apressou-se a responder, apresentando-se:

“Olá, boa tarde. Sou a Paula Teles, jornalista. Tenho uma entrevista marcada com a D. Esperança. Sabe onde posso encontrá-la?”

O senhor Américo apressou-se a responder que sabia que a “senhora jornalista” era esperada e que até tinham organizado um pequeno lanche convívio para a tarde na Junta de Freguesia, numa espécie de receção de boas vindas à “senhora jornalista”. Dito isso prontificou-se a acompanhá-la até à casa da filha mais nova de D. Esperança. “Ela hoje está por lá. Por vezes, quando se sente mais cansada, passa o dia no Lar mas hoje disse que fazia questão de receber a “senhora jornalista” naquela que considera ser a sua casa.

Paula aceitou a oferta do senhor Américo e seguiram então pelas ruas da Vila. Aproveitou para tirar mais umas fotos porque achava tudo deliciosamente bonito. O próprio sr. Américo pousou para umas quantas. Bem, pensava Paula, o dia não foi totalmente perdido. Estava a gostar da simpatia daquela vila e do senhor Américo e tinha tirado umas fotos fabulosas. Pouco tempo depois chegaram a um pequeno largo, criado por três pequenas casas e ladeado por flores. “Que sítio encantador”, pensou ela. À porta de uma casa, numa cadeira de baloiço, viu um pequeno vulto, de um aspeto frágil, parecendo perdido na imensidão da cadeira. Quando se aproximaram vislumbrou a cara envelhecida (como seria de esperar em alguém que já contava com 112 anos), sulcada de rugas, mas que envergava um ar de alegria contida, um pequeno sorriso que se conservava travesso e um semblante de total contentamento. Esperança cativou Paula logo à partida. O silêncio circundante foi quebrado pelo sr. Américo.

-“Esperança! ‘Tás boa? Olha lá, tens aqui a senhora jornalista que te quer entrevistar. Encontrei-a ali no fundo da vila”.

Paula avançou em direção ao pequeno corpo que fazia algum esforço para se levantar e cumprimentar Paula. Paula pediu-lhe que o não fizesse, não era necessário esse esforço. D. Esperança aceitou. Já não tinha idade para fazer esforços em vão. Raios que a idade a tinha deixado tão trôpega, pensou a velha senhora. Paula apresentou-se então e relembrou a idosa que a vinha entrevistar, em virtude de, à data, ser a pessoa viva com mais idade em Portugal.

Esperança olhou para Paula e as primeiras palavras que lhe dirigiu foram: “Bonita que és rapariga! Pareces um raio de sol aqui à minha frente. Anda vai além à porta da adega e traz uma cadeira ou um banco para te sentares. Não quero que te canses a ouvir-me falar. Ó Américo, queres entrar aí em casa? A Maria do Céu saiu a fazer umas compras mas deixou lá um cestinho com bolos e uma jarrinha com refresco que preparou para receber aqui a senhora Paula. Traz um copo também para ti”. Américo aceitou a proposta de Esperança, voltando com as mãos ocupadas com um cesto de bolos, o refresco e os copos. Largou tudo em cima de uma pedra que mais parecia uma mesa, sentou-se e por ali se ficou a comer um bolinho feito de propósito para a ocasião, enquanto ouvia a conversa entre a jovem jornalista e a sua amiga de longa data, Esperança.

Paula teve de admitir para si própria que Esperança não se parecia com a imagem que tinha criado mentalmente. Era pequena e magra, praticamente enfezada mas mantinha um olhar vivo, um ar interessado pelo mundo, uma grande atenção ao pormenor e uma enorme vontade de comunicar. Lembrava-se da sua própria avó (que tinha chegado àquilo que ela considerava uma bonita idade – 96 anos) mas que se tinha fechado para um mundo só seu uns quantos anos antes. Pouco comunicava e quando o fazia era para falar do passado. Não reconhecia os seus e, pelo fim, não se reconhecia sequer a si mesma. Paula considerava que a sua avó lhe tinha sido roubada bem antes daquela fatídica tarde em que já ela contava com os 96. Era esta a ideia que a jornalista fazia das pessoas com mais idade, pré-cadáveres que esperavam calmamente que a morte os levasse. Portanto, quando lhe disseram que ia entrevistar uma senhora de 112 anos pensou que ia encontrar um corpo de poucas ou nenhumas palavras, alguém perdido no seu próprio tempo e no seu próprio mundo e, na certa, alguém por perto (uma filha, quem sabe, uma neta?) que falasse por ela. Esperança era o oposto desta ideia. Disse-lhe que tinha maiores dificuldades em se mover e que para distâncias mais longas já era conduzida numa cadeira de rodas. Mas disse-lhe que gostava de se manter ativa, saindo, sempre que podia para apanhar ar e dar dois dedos de conversa com quem passava na rua. O seu maior amigo era o gato Tobias que se aninhava ao seu lado sobretudo quando se sentava na rua a apreciar a natureza e a apanhar um pouco de calor. De acordo com as suas próprias palavras, continuava a ser um bom garfo. Gostava de um bom naco de carne assada ainda que ultimamente preferisse o peixe. Continuava a adorar comer um doce e podia dizer que era dependente de chocolate. Vinho também era um velho companheiro. Não podia beber em todas as refeições (eles não me deixam – dissera ela num tom de confissão) mas tinham chegado a um acordo. Às 4ªs feiras e ao fim-de-semana era dia de poder beber um copinho de vinho ou até uma ginjinha, quando os domingos eram de festa.

Paula estava suspensa nas palavras de Esperança. Era uma mulher interessantíssima, cheia de vida apesar dos 112 anos, não mostrando qualquer tristeza por momentos passados mais tristes (que também os tinha), não se queixando de qualquer dor (ainda que o seu semblante por vezes demonstrasse que as sentia). Percebeu, na hora, que não poderia limitar-se a fazer o pequeno artigo que lhe tinham proposto. Iria fazer uma reportagem sobre a mulher mais velha de Portugal, sim, mas iria fazer uma reportagem, sobretudo, sobre a ciência de saber ser idoso, mostrando o quão exemplar e fantástica era aquela pequena grande Esperança.

Estiveram por ali a conversar, a responder às perguntas de Paula umas boas horas. Seguiram mais tarde para o lanche que tinha sido organizado para receber a “senhora jornalista” que vinha entrevistar a fantástica “mulher mais velha do país” . Paula aproveitou para entrevistar amigos e familiares de Esperança. De uma forma geral, todos eram unânimes: ela era uma força da natureza e a sua crença de que tudo iria correr sempre pelo melhor, fazendo jus ao seu próprio nome, eram a força motriz de toda a sua vida.

Já o sol estava quase a pôr-se quando Paula percebeu que era a hora de ir embora. Já tinha material (dados e fotografias) para uma excelente reportagem. As ideias fervilhavam na sua cabeça. Quase sentia formigueiro nos dedos tal era a vontade de passar à escrita a experiência maravilhosa que tinha tido nessa tarde. Aproximou-se de Esperança para se despedir. Decidiu fazer-lhe uma última pergunta:

“D. Esperança, mostrou-me que é uma mulher sábia que soube e sabe aproveitar a vida com o melhor que ela lhe dá. Diga-me, qual é o seu segredo? Qual é a fórmula certa para atingir essa longevidade com essa clareza de espírito e alegria?”

Esperança sorriu. Pareceu, durante algum tempo, perder-se nos seus próprios pensamentos, enquanto procurava escolher as palavras adequadas para transmitir o seu pensamento. Pegou delicadamente na mão de Paula e, com uma voz doce disse-lhe:

“Sabes, minha querida, penso que fui fadada para ter sempre, acima de tudo, esperança. Não sei se foi o meu nome que me tornou assim ou se os meus pais perceberam logo que seria uma pessoa cuja vida seria moldada, acima de tudo, pela esperança e, por isso, decidiram nomear-me assim. A certeza que tenho é que é a esperança que vence e que supera (toda e qualquer) indiferença. É ela quem move montanhas, é ela quem traz a sorte. Percebi ainda nova que junto à esperança deve seguir sempre uma vontade férrea. É a vontade, a força de vontade, que deve guiar o nosso caminho. A isto basta juntar, à nossa bagagem, coragem para todos os amanhãs que haverá na nossa vida. Juntando a esperança, a força de vontade e a coragem, tens as ferramentas necessárias para viver uma vida plena e feliz. E com estas ferramentas apenas tens de ter em mente que não podes abdicar, em momento algum, dos teus sonhos. Saiba, menina, que é necessário viver os sonhos e há que escolher, sempre a aventura, e nunca o comodismo, a rotina, o deixar-andar. Foi assim, minha querida, que vivi estes 112 anos, foi assim que me casei com o homem que amava e que foi o homem da minha vida, foi assim que criei os meus filhos e os eduquei e é esse pensamento que procuro passar aos meus netos e bisnetos. E tenho certeza, querida Paula, que quando a minha caminhada terminar, poderei fechar os olhos com a certeza que vivi uma vida muito longa, sim, mas, sobretudo, uma vida feliz e preenchida.”

Paula despediu-se de Esperança com lágrimas nos olhos. Que mulher extraordinária!

Quinze dias depois a reportagem saiu. A entrevista tinha ficado deveras interessante. O texto tinha-se escrito praticamente por si só, tal era a riqueza do discurso da entrevistada. As fotografias também tinham ficado fabulosas, apresentando com toda a clareza a alegria de viver da entrevistada. Paula estava orgulhosa do resultado da reportagem. De facto, a vida traz-nos surpresas enormes. Aquilo que ela tinha considerado como um castigo tinha-se revelado uma surpresa boa e gratificante.

Paula entrou no seu carro e fez-se à estrada. Fazia questão de entregar, em mãos, a revista a D. Esperança. A alegria e o reconhecimento que leu nos olhos de Esperança deixaram-na feliz e orgulhosa. Este tinha sido, sem dúvida, o seu melhor trabalho!

(…)

Contaram a Paula, mais tarde, que Esperança manteve um exemplar da revista na sua mesinha de cabaceira até ao seu último dia de vida.

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