A crónica que hoje vos trago poderá servir, a meu parecer, como serviço público. Deixo-vos aqui uma ideia para prenda de Natal ao falar-vos da minha experiência com o e-reader.
Publicada aqui e no Semanário Registo é uma opinião sobre a utilidade, para os leitores, do e-reader. Para quem tem dúvidas, curiosidade sobre este objeto, não deixem de ler!
Começo esta crónica informando-vos que adoro o cheiro a livros novos. E assumo que esse gosto não tem qualquer originalidade. Parece-me que este é um gosto comum a todos aqueles que gostam de ler. A excitação de entrar numa livraria, folhear com reverência os livros que gostaríamos de adquirir, cheirar aquele aroma a livro novo é um gosto que encontro à maior parte dos leitores e eu não sou exceção.
Por isso, sempre que se falava no tema “adquirir e-reader”[1], estes eram os meus argumentos para arrumar a um canto a ideia de passar a ler livros num suporte informático que, para mim, mais não era do que um “gadget” com tempo de vida limitado. “Nada pode substituir o livro em papel!” – era esta a minha máxima.
Contudo, apesar de todas estas ideias pré-concebidas sobre o e-reader, a ideia de, efetivamente, adquirir um, foi germinando aos poucos na minha mente. A razão principal para esse facto, e acredito que é a que atormenta todos aqueles que gostam de ler, era a falta de espaço. Não considero ter uma casa pequena mas, de facto, não tenho uma sala que sirva, apenas e só, de biblioteca. Como tal, os livros adquiridos ao longo dos anos foram sendo arrumados no meu quarto, na sala de estar e até na de jantar. E a verdade é que algumas (muitas) estantes depois, o espaço começava a escassear. (Isto para não falar dos muitos livros que aguardam pacientemente serem escolhidos para serem lidos, arquivados em caixas no meu sótão!).
Por outro lado, há que assumi-lo, o cheiro a livro novo desaparece. O que nos resta, depois disso, é uma montanha de papel que nos exige horas de limpeza para não acumularem o desagradável pó que se vai instalando ao longo dos tempos.
Numa tentativa de resolver este meu problema de espaço procurei colocar em prática algo que, hoje em dia, está muito em voga: o desapego. Vai daí e, cheia de coragem, criei uma página no Facebook a que dei o nome de “Mercado do Livro” onde procurei dar nova vida a livros que tinha por casa, que já tinham sido lidos e que, provavelmente, não voltaria a ler. Contudo, esse projeto não tem tido grande sucesso e o número de livros comprados continuou a ser maior que o número de livros vendidos, não resolvendo, deste modo, o meu problema de espaço.
E foi assim que, num dia de pensamento prático, pensei em adquirir um e-reader. E, posso dizer-vos, foi das decisões mais acertadas que tomei este ano. Estou absolutamente fã deste pequeno aparelho que consegue encerrar em si mais de 6000 livros (pelo menos era isso que dizia a publicidade do mesmo!)
Quando o vi pela primeira vez na minha mão, assumo, que o achei bem pequenino. Pensei que o seu tamanho reduzido tornasse a leitura difícil e pouco agradável. Nada mais errado! O tamanho não dificulta em nada a leitura e é ótimo para se segurar nele sem que o mesmo nos pese nas mãos e nos pulsos. Quem nunca sentiu que tinha de colocar o livro nalguma superfície para o ler, tendo em conta o peso que ele tinha?
Por outro lado, toda a experiência de leitura é agradável. O “pequeno aparelho” tem luz ajustável às condições de luminosidade em que nos encontramos. O ecrã não apresenta quaisquer reflexos e proporciona uma experiência de leitura natural, semelhante à do papel. E, por mais que me custe admiti-lo, esta adaptação da luz às condições de luminosidade que temos é ótima para quem, como eu, começa a ter dificuldades em focar as letras (sobretudo à noite). A verdade é que quando leio no papel, à noite, sinto que as letras passam de preto a verde e tenho maior dificuldade em focar, tornando a leitura cansativa. Tal não me acontece no e-reader.
Concluindo: o pequeno aparelho torna a minha leitura mais aprazível por ser menos cansativa para a minha vista.
Ainda no campo: “vantagens de ter adquirido um e reader” poderia falar-vos da facilidade em adquirir livros. O e-book é, claramente, mais barato do que o livro em papel, para além de existir, por essa internet fora, uma considerável oferta de livros grátis. Como tal, se já com os livros em papel tinha noção que cometia o pecado de adquirir mais livros do que aqueles que algum dia poderia ler, com o e-reader, a tendência para esse pecado aumentou. Não direi, aqui, a lista de livros que tenho à espera de serem lidos no meu gadget novo mas são, de facto, alguns.
Por isso tudo digo que o e-reader proporciona uma excelente experiência de leitura. Não fico a almejar ler em suporte de papel. O meu medo, ao adquiri-lo, era não me habituar a ele e deixá-lo esquecido, sem bateria a um canto. Pois que tal não acontece. Acompanha-me sempre na minha mala, por ser de fácil transporte, e, sempre que posso, em qualquer intervalo, pego nele e leio umas palavras. Tal não acontecia com o papel: volumoso e pesado, ficava, a maior parte das vezes, em casa. Por outro lado, e como já disse, a leitura à noite não estava a ser muito prazerosa, uma vez que sentia alguma dificuldade com a visão. Tal facto limitava em muito a minha leitura (é à noite que temos mais tempo para ler algumas páginas, certo?). Com o e-reader esse problema não se coloca, vejo sempre com a mesma nitidez!
Concluindo: noto que estou a ler muito mais do que o que lia em papel e de um modo mais aprazível. E, acima de tudo, não tenho problemas de espaço e de acumulação de pó! Vendo bem, fiquei a ganhar, e muito, com essa compra! Foi, sem sombra de dúvida, uma excelente aquisição.
(Espero que esta crónica vos tenha deixado com umas ideias para o Natal).
[1] E-reader ou “Leitor de livros digitais” é um pequeno aparelho eletrónico que tem como principal função mostrar numa tela, o conteúdo de livros digitais.