E-reader? Adoro!

A crónica que hoje vos trago poderá servir, a meu parecer, como serviço público. Deixo-vos aqui uma ideia para prenda de Natal ao falar-vos da minha experiência com o e-reader.

Publicada aqui e no Semanário Registo é uma opinião sobre a utilidade, para os leitores, do e-reader. Para quem tem dúvidas, curiosidade sobre este objeto, não deixem de ler!

Começo esta crónica informando-vos que adoro o cheiro a livros novos. E assumo que esse gosto não tem qualquer originalidade. Parece-me que este é um gosto comum a todos aqueles que gostam de ler. A excitação de entrar numa livraria, folhear com reverência os livros que gostaríamos de adquirir, cheirar aquele aroma a livro novo é um gosto que encontro à maior parte dos leitores e eu não sou exceção.

Por isso, sempre que se falava no tema “adquirir e-reader”[1], estes eram os meus argumentos para arrumar a um canto a ideia de passar a ler livros num suporte informático que, para mim, mais não era do que um “gadget” com tempo de vida limitado. “Nada pode substituir o livro em papel!” – era esta a minha máxima.

Contudo, apesar de todas estas ideias pré-concebidas sobre o e-reader, a ideia de, efetivamente, adquirir um, foi germinando aos poucos na minha mente. A razão principal para esse facto, e acredito que é a que atormenta todos aqueles que gostam de ler, era a falta de espaço. Não considero ter uma casa pequena mas, de facto, não tenho uma sala que sirva, apenas e só, de biblioteca. Como tal, os livros adquiridos ao longo dos anos foram sendo arrumados no meu quarto, na sala de estar e até na de jantar. E a verdade é que algumas (muitas) estantes depois, o espaço começava a escassear. (Isto para não falar dos muitos livros que aguardam pacientemente serem escolhidos para serem lidos, arquivados em caixas no meu sótão!).

Por outro lado, há que assumi-lo, o cheiro a livro novo desaparece. O que nos resta, depois disso, é uma montanha de papel que nos exige horas de limpeza para não acumularem o desagradável pó que se vai instalando ao longo dos tempos.

Numa tentativa de resolver este meu problema de espaço procurei colocar em prática algo que, hoje em dia, está muito em voga: o desapego. Vai daí e, cheia de coragem, criei uma página no Facebook a que dei o nome de “Mercado do Livro” onde procurei dar nova vida a livros que tinha por casa, que já tinham sido lidos e que, provavelmente, não voltaria a ler. Contudo, esse projeto não tem tido grande sucesso e o número de livros comprados continuou a ser maior que o  número de livros vendidos, não resolvendo, deste modo, o meu problema de espaço.

E foi assim que, num dia de pensamento prático, pensei em adquirir um e-reader. E, posso dizer-vos, foi das decisões mais acertadas que tomei este ano. Estou absolutamente fã deste pequeno aparelho que consegue encerrar em si mais de 6000 livros (pelo menos era isso que dizia a publicidade do mesmo!)

Quando o vi pela primeira vez na minha mão, assumo, que o achei bem pequenino. Pensei que o seu tamanho reduzido tornasse a leitura difícil e pouco agradável. Nada mais errado! O tamanho não dificulta em nada a leitura e é ótimo para se segurar nele sem que o mesmo nos pese nas mãos e nos pulsos. Quem nunca sentiu que tinha de colocar o livro nalguma superfície para o ler, tendo em conta o peso que ele tinha?

Por outro lado, toda a experiência de leitura é agradável. O “pequeno aparelho” tem luz ajustável às condições de luminosidade em que nos encontramos. O ecrã não apresenta quaisquer reflexos e proporciona uma experiência de leitura natural, semelhante à do papel. E, por mais que me custe admiti-lo, esta adaptação da luz às condições de luminosidade que temos é ótima para quem, como eu, começa a ter dificuldades em focar as letras (sobretudo à noite). A verdade é que quando leio no papel, à noite, sinto que as letras passam de preto a verde e tenho maior dificuldade em focar, tornando a leitura cansativa. Tal não me acontece no  e-reader.

Concluindo: o pequeno aparelho torna a minha leitura mais aprazível por ser menos cansativa para a minha vista.

Ainda no campo: “vantagens de ter adquirido um e reader” poderia falar-vos da facilidade em adquirir livros. O e-book é, claramente, mais barato do que o livro em papel, para além de existir, por essa internet fora, uma considerável oferta de livros grátis. Como tal, se já com os livros em papel tinha noção que cometia o pecado de adquirir mais livros do que aqueles que algum dia poderia ler, com o e-reader, a tendência para esse pecado aumentou. Não direi, aqui, a lista de livros que tenho à espera de serem lidos no meu gadget novo mas são, de facto, alguns.

Por isso tudo digo que o e-reader proporciona uma excelente experiência de leitura. Não fico a almejar ler em suporte de papel. O meu medo, ao adquiri-lo, era não me habituar a ele e deixá-lo esquecido, sem bateria a um canto. Pois que tal não acontece. Acompanha-me sempre na minha mala, por ser de fácil transporte, e, sempre que posso, em qualquer intervalo, pego nele e leio umas palavras. Tal não acontecia com o papel: volumoso e pesado, ficava, a maior parte das vezes, em casa. Por outro lado, e como já disse, a leitura à noite não estava a ser muito prazerosa, uma vez que sentia alguma dificuldade com a visão. Tal facto limitava em muito a minha leitura (é à noite que temos mais tempo para ler algumas páginas, certo?). Com o e-reader esse problema não se coloca, vejo sempre com a mesma nitidez!

 Concluindo: noto que estou a ler muito mais do que o que lia em papel e de um modo mais aprazível. E, acima de tudo, não tenho problemas de espaço e de acumulação de pó! Vendo bem, fiquei a ganhar, e muito, com essa compra! Foi, sem sombra de dúvida, uma excelente aquisição.

(Espero que esta crónica vos tenha deixado com umas ideias para o Natal).


[1] E-reader ou “Leitor de livros digitais” é um pequeno aparelho eletrónico que tem como principal função mostrar numa tela, o conteúdo de livros digitais. 

Não gosto da estação das folhas secas

A proposta desta semana é uma crónica que foi publicada no Semanário Registo e fala-nos da estação do outono, estação que, para além de nos oferecer umas cores bonitas, não aprecio. Digam de vossa justiça!

Começo esta crónica por vos dizer que não gosto da estação das folhas secas, não gosto do outono. Das quatro estações que nos são oferecidas ao longo dos 365 dias do ano, é o outono aquela que menos me agrada. E sei que muitos estarão nesse momento a pensar “como pode ela não gostar do outono?”  mas a verdade é que não gosto, quase abomino e posso afirmar, sem segundos pensamentos: “Não sou uma pessoa de outonos”. Antes de me julgarem quanto a esse “não gostar”  peço-vos que gastem dois, três minutos do vosso tempo para lerem as minhas razões para tal antipatia e que a seguir deixo explanadas.

Li uma vez que as pessoas se identificavam com a estação presente no seu mês de nascimento. Nasci em junho, poucos dias depois de iniciar o verão. E o facto é que adoro o verão! Gosto de sol, de calor (de calor intenso até), de caminhar e sentir o sol ardente nas minhas costas, de calções e de chinelos. Gosto da luz pela manhã do verão, gosto do céu azul e dos tons de rosa que adquire ao ocaso. Gosto dos dias intermináveis em que a manhã se encontra tão longe da noite que, quando ela chega, temos a sensação de ter vivido dois dias num! Gosto das cores e dos cheiros de verão emprestados pelas flores e muitas frutas maduras que encontramos pelos campos cultivados. Gosto das idas à praia, dos mergulhos nos rios, da vontade constante de procurar uma sombra para nos refrescarmos. Acima de tudo, gosto da pessoa que sou no verão: mais leve, de sorriso mais pronto, com mais tempo e vontade de estar com pessoas e conviver. O verão faz de mim uma pessoa com vivacidade e com vontade de viver.

Já o outono… O outono é aquela estação do “chove não molha”. Não é uma estação de calor mas também não é uma estação de frio. E haverá algo pior que não se ser uma coisa nem outra? Não venham já defendê-lo referindo que é uma estação de temperaturas amenas! Não é nada disso! É uma estação de manhãs frias, de quase inverno, e de tardes quentes que recordam o verão. Temos as várias estações num mesmo dia. Como eu detesto não saber com o que contamos!

 A minha avó dizia que é a estação dos mal vestidos. E é mesmo! Começas o dia com sol e acreditas que vai estar um calor fabuloso. Enfrentas o outono e decides, mais uma vez e corajosamente, colocar o pézinho de fora, numa sandália que te apetece calçar, acreditando que o verão ainda continua por cá! E o que acontece a maior parte das vezes? Pois, acontece frio quase de inverno, ou uma chuvada tão feia que até te deixa de pés sujos de terra! Mas atenção que o contrário também pode acontecer! Vês o dia cinzento, sacas da camisola mais quente e o excelentíssimo outono decide transformar-se num fabuloso dia de verão! É horrível! Nunca acertamos no outfit e, como dizia a minha saudosa avó: Nunca estamos bem vestidos!

 A juntar a essa incerteza da meteorologia tem o facto de ser aquela estação em que os dias se vão tornando, gradualmente, mais pequenos. Quando dás por ti percebes que anoitece bem mais cedo e que estás a voltar para casa, depois do trabalho, já sem a luz do sol. A luz solar parece tornar-se menos brilhante, num lento definhar até chegar à luz mortiça dos dias de inverno. Alguém consegue assistir a isso sem ficar deprimido?! Para não dizer que o famoso “horário de inverno” chega no outono. Apenas este pormenor seria suficiente para considerar o outono a estação odiada por excelência!

E a natureza? Será que sou só eu a achar triste aquele silencioso cair das folhas que de verde passaram a amarelas e, mais tarde, a castanho? Existe beleza numa folha castanha caída à beira do tronco de uma árvore?

Há uma coisa que gosto no outono: a venda de castanha assada na rua. Sim, é verdade que isso é um fator simpático. Mas, ainda que goste de castanha assada, isso em nada se equipara a comer um belo gelado na rua, sentada numa qualquer sombra encontrada!

Não gosto do outono. Já deixei isso bem claro nas linhas que acima escrevi. Sublinho, mais uma vez: aquilo que me faz não gostar do outono é ser uma situação de transição. Já não temos calor como tínhamos no verão mas também ainda não temos o verdadeiro frio do inverno. Aquele frio que nos faz almejar por uma lareira e um cacau quente! Nestas questões de clima não gosto muito de “meio termos”. Ou é branco (verão), ou é negro (inverno). Aí sabemos com o que contamos: um calor fabuloso ou um frio a sério. Esse cinzentismo do “chove não molha”, do hoje está calor mas amanhã temos invernada não me agrada de todo. O outono mais não é do que uma transição, uma passagem dos gloriosos dias de verão que irão dar lugar aos dias frios e de chuva. É impossível assistir a este processo sem um sentimento de nostalgia, sem sentir que vamos sendo envolvidos por uma névoa fria que apaga a luz  notável dos dias de verão. Não gosto dessa sensação.

E vocês? Qual a vossa equipa no que às estações do ano diz respeito?

“No meu tempo é que era” – O fosso entre gerações

E hoje deixo-vos uma crónica publicada aqui no blogue e no jornal @Semanário Registo sobre a dificuldade em compreender o outro quando as gerações são diferentes. Enjoy.

In: Semanário Registo

Sempre ouvi aos mais velhos uma frase que tem o dom de me irritar ligeiramente. É ela a famosa: “No meu tempo é que era!” E a verdade é que, à medida que vou envelhecendo, a continuo a ouvir e, muitas vezes, já a ouço ser proferida por pessoas da minha idade. Como disse, essa frase é daquelas que têm o dom de me deixar com os pelos levemente erriçados.

É um facto que os tempos mudam imenso de geração para geração. Cresci a ouvir aos meus avós que “no meu tempo é que era…” e que “no tempo da vida pobre” (assim se referiam à sua infância) não havia tempo para brincar nem para ser criança. Frequentar a escola era, para muitos, um luxo. Dizia a minha avó que muitos nem sequer aprenderam nunca nem a ler, nem a escrever. Desde muito cedo os rapazes começavam a trabalhar no campo e as raparigas, para além de desenvolverem algum trabalho no campo, trabalhavam em casa, passando a ser “mães” dos irmãos mais novos, encarregando-se deles, tendo a obrigação de os manter alimentados e limpos. Não havia tempo para mais nada. Nem para estudos, nem tempo para brincadeiras.

Cresci a ouvir estas histórias e a pensar que a vida nestes tempos era, de facto, madrasta para estas crianças.

Depois da geração dos meus avós, seguiu-se a dos meus pais. Também eles me passaram a ideia de que o tempo de ser criança e de poder brincar era, naquele tempo (anos 50), muito escasso. Os meus pais e tios não tiveram “tempo” para se dedicarem aos estudos, tendo passado com distinção o exame da quarta classe e começado a trabalhar logo em seguida. Naquele tempo os catorze, quinze anos eram idade suficiente para se poder, e dever, começar a trabalhar (quando não era mais cedo). Como seria de esperar, cresci a ouvir dos meus pais, também, a famosa frase “no meu tempo é que era…”. O tempo deles já era diferente do tempo dos meus avós. Estes, pelos menos, já tiveram direito a uma escolaridade básica mas há que dizê-lo, em abono da verdade, também eles viveram tempos bem difíceis e trabalhosos.

Juntava-se, muitas vezes, a esta frase, uma outra que também tinha o dom de me mexer com o espírito: “Sabes lá o que é a vida!”. Muitas vezes ouvi, em criança, que era uma sortuda: tinha todas as condições para poder estudar e, ainda assim, tinha tempo para o lazer. Cresci a ouvir que passava demasiado tempo a ver televisão e que no tempo deles, com a minha idade, já trabalhavam e já tinham imensas responsabilidades.

Cedo percebi que, de geração para geração, a vida se apresentava com diferenças imensas e, ainda bem, que essa mesma vida parecia caminhar num sentido, quanto a mim, positivo, tornando-se menos exigente para as crianças e oferecendo, ao longo dos tempos, cada vez mais tempo para a criança/ jovem realizar os seus estudos e, ao mesmo tempo, usufruir de tempo livre. No fundo, a vida foi progressivamente oferecendo às crianças o tempo de serem crianças.

É esta evolução, esta forma diferente da vida acontecer que cria um fosso entre gerações e, muitas vezes, uma enorme dificuldade em compreender e em aceitar o outro. A forma de ver a vida e, sobretudo, de a viver muda de geração para geração. E nada se pode fazer contra esse facto.

Hoje, do alto das minhas quatro décadas já passadas, verifico que já existem pessoas da minha idade a defender o mesmo discurso, a proferir o mesmo tipo de frases: “No meu tempo é que era!”; “No meu tempo ficava sozinho em casa com 12 anos!”;  “No meu tempo, com 12 anos, já ajudava em casa nas tarefas domésticas!” “No meu tempo, ainda andávamos no ciclo e já sabíamos  fazer uma panela de sopa!”; “No meu tempo, mal íamos para o quinto ano, já íamos de autocarro sozinhos para a cidade e já a atravessávamos de uma ponta à outra! Tínhamos dez anos!”; “No meu tempo, a escola tinha outra exigência! Agora a escola é mesmo para meninos!”. A crítica dos meus pais porque passava demasiado tempo em frente à televisão passou hoje a ser o “passas demasiado tempo em frente a um ecrã, passas demasiado tempo nas redes sociais!”

Ainda que com diferenças no tipo de responsabilidades que cada um tinha, a verdade é que assisto exatamente ao mesmo tipo de discurso que ouvi aos meus avós e aos meus pais. Não pensei que a minha geração chegasse a ter esse tipo de discurso. Não posso negar que a maturidade que possuíamos com 13/ 14 anos não é, nem de longe nem de perto, a maturidade dos jovens que hoje têm 13/ 14 anos. Tal como, efetivamente, os nossos pais e avós possuíam, com essa idade, toda uma outra visão da vida e do mundo, toda uma outra maturidade.

Mas, pergunto eu, de quem será a culpa? Será da juventude que, de geração para geração, se torna mais imatura ou a culpa será da geração que a educou?

Façamos um pequeno exercício de análise aos nossos comportamentos: deixamos os meninos cozinhar a partir de que idade? Com que idade é que os deixamos ir a pé para a escola sozinhos? Não fomos nós que os desresponsabilizamos de tudo? Não fomos nós que sempre achámos que ainda eram demasiado novos para fazer isto ou aquilo? Não fomos nós que achámos que não deviam ajudar em muitas tarefas domésticas para, assim, poderem estudar? Não fomos nós que sempre achámos que não eram capazes, que facilitámos com sopas passadas e frutas descascadas? Sejamos conscientes! Que direito temos nós de dizer “No meu tempo?”

Importante será, diria eu, (mais do que apontar e sublinhar as diferenças que existem entre cada geração) compreender o outro, procurar perceber o porquê de o outro ser diferente de nós, compreender que o mundo está em constante transformação e que, do mesmo modo, as pessoas também estão em constante mudança. Como tal, é normal que os hábitos, gostos, práticas se alterem de geração para geração. Para além disso tudo será importante perceber que nós, a geração anterior, temos a nossa quota parte de culpa nas diferenças de comportamento que sentimos nos mais novos. Fomos nós que os educámos, fomos nós que criámos aqueles pequenos seres.

Compreender e aceitar a mudança. Compreender e aceitar o outro. Duas máximas que deveríamos ter presentes para tornar as relações humanas mais humanas e para conseguir que o fosso entre as gerações não se tornasse tão fundo.

Pessoas negativas? Não, obrigada

Continuamos, por cá, a trilhar um caminho que se deseja que seja de puro serviço público. Depois de uma crónica que pretendia ajudar na depressão que se instala pós-férias, ofereço uma crónica que nos vem falar de pessoas negativas, de como as reconhecer (e, consequentemente, fugir delas). Para ler e tomar notas! 😉 Enjoy!

(A crónica foi publicada aqui no blogue e no Jornal @Registo)

Crónica publicada no Semanário Registo

Sou uma pessoa positiva por natureza. Sou daquelas pessoas que, por mais cinzento que esteja o dia e por mais negra que esteja a própria vida, procura sempre ver um pequeno raio de sol, uma pequena luz por mais ténue que seja. E assumo que isso me é tão natural como a vontade de rir e de sorrir até nos momentos menos prováveis. Chego a achar que é uma espécie de defesa que criei: sempre que a situação me parece demasiado pesada ou dolorosa encontro, naturalmente, uma qualquer piada que aligeire o ambiente ou algo no meio circundante que me faça ter vontade de sorrir e até de rir.Contudo, todos sabemos que há pessoas bem diferentes. Há pessoas que já nasceram com uma boa dose de negativismo às costas e que só foram piorando com a idade. Pessoas que são puro negrume e pessimismo. Confesso que não sei se sou eu que, por força das circunstâncias, me estou a tornar mais intolerante a esse tipo de pessoas ou se, de facto, a minha sensação de que este género de pessoas negativas está a aumentar exponencialmente é verdadeira. O que é certo é que os vejo por todo o lado e, o que é pior, sem a menor tentativa de esconder o seu azedume e negatividade. Em todo o lado os encontramos com o seu ar fechado, casmurro, zangado com o mundo e com todos em geral a debitar irritações.

Sabem o que vos digo? Falta-me a paciência para pessoas negativas. Mais do que me faltar a paciência tenho a verdadeira noção de que essa gente faz mal à saúde de quem se encontra à sua volta, sugando-lhes a energia e deixando-as exaustas só por partilharem o mesmo espaço que elas.

Pelo acima exposto, há que fugir dessa malta dada ao negativismo o mais depressa possível. Mas, para fugir delas há que, antes de mais, reconhecê-las (e à distância, diria eu). Considero o mês de setembro um mês de recomeços. Muitos iniciam novo período de trabalho, pós-férias. Como tal, essa será uma boa altura para, diria de forma popular, “separar o trigo do joio”, e afastar-se de pessoas negativas. Mas, para isso, há que reconhecê-las!

Considerem aquilo que vão ler em seguida como “serviço público” a que darei o nome de “Como reconhecer uma pessoa negativa”.

A característica principal de uma pessoa negativa é, sem dúvida, o facto de ver sempre o copo meio vazio. São pessoas que se habituaram a olhar sempre para o lado menos positivo das coisas, que encontram defeitos em tudo. Por ter essa tendência para o negativismo olham para tudo com cinismo. Não há pessoa boas nem há comportamentos bondosos. Toda a gente age com segundas intenções. Para estas pessoas o mundo mais não é do que um local negro, um campo de batalha, e as pessoas que com eles se cruzam mais não são do que agentes do mal.

Por causa dessa visão negativa do mundo e das suas gentes, são pessoas que têm tendência a reclamar muito e a toda a hora! São o tipo de pessoa que traz sempre para a mesa de café o último escândalo acontecido na cidade, as últimas indignações devidas às más decisões tomadas pelo governo, ou os últimos acontecimentos no país que lhe permitam estar zangado e revoltado. São pessoas que procuram o acontecimento negativo e o sublinham a negrito. Para eles o mundo está às avessas e eles estão irados por causa disso. No fundo são pessoas que se debruçam sempre sobre o problema, mas que nunca apontam qualquer tipo de solução. Atenção que não estou aqui a querer defender que devemos ser pessoas apenas da paz e do amor sem nunca apontar o que está errado no país e no mundo. O que digo é que não podemos fazer parte apenas da crítica. Até porque, nesse momento, mais não estaremos a fazer do que crítica destrutiva. E esta, caros leitores, de nada serve. Criticar será útil, sim, se no seu seguimento, apresentarmos uma solução, um ponto de vista construtivo.

Por quererem sempre sublinhar tudo o que está mal no mundo, são pessoas que exigem muito de quem está à sua volta. Passam o dia a bombardear-nos com notícias, vídeos, histórias que provem, de alguma forma, que elas têm razão para estar revoltadas com tudo e com todos. No fundo exigem de nós tempo, atenção e níveis de irritação no mínimo tão elevados como os deles.

Para mim, e analisando tudo o que acima ficou dito sobre esse tipo de pessoas, diria que são, na sua maioria, pessoas insatisfeitas consigo e com a sua própria vida (amorosa, profissional, familiar ou social) e que, por isso, destilam sentimentos negativos para todas as direções de tal forma que deixam um ambiente “carregado”, irrespirável.

Cito, por fim, um outro pormenor. Como são pessoas que não se sentem bem consigo e com o mundo, não conseguem aceitar que outros se sintam felizes e positivos. Assim, são pessoas que dificilmente ficam felizes pelos outros. Desconfiam sempre do sucesso, do bem-estar ou até da felicidade do outro. Vão sempre lançando aqui e ali uma farpa para questionar se aquela felicidade é mesmo verdadeira, se aquele bem-estar que apresenta é real.

Existem pessoas que encaram a vida como um desafio bom de viver, com um sorriso na cara e sentimentos positivos no coração. E depois há os outros…Os outros que consideram o mundo como um local de batalha, cheio de desafios intransponíveis, que observam tudo à sua volta com um olhar de cinismo, envenenando tudo o que está à sua volta. Se puderem escolher, prefiram pertencer ao primeiro grupo.

A criança que guardo em mim

O prato de hoje é uma crónica escrita a pensar no Dia da Criança e que foi publicada no Semanário Registo. E tu, leitor, ainda guardas uma criança em ti?

Faltam  poucos dias para comemorarmos, mais uma vez, o Dia da Criança. Tendo em conta essa efeméride, propus-me realizar um exercício. O que resta em mim da criança que fui? Deixo-vos o resultado dessa análise.

A criança que guardo em mim tem o dom de continuar a deslumbrar-se com as coisas que a deixavam maravilhada na sua infância.

A criança que guardo em mim adora um dia de sol. E adora ainda mais os primeiros dias de sol, nos dias de primavera amenos, no campo, quando ela podia (e pode) rebolar na erva fresca, pintada de margaridas-menores, rindo por qualquer tontice que me tenha passado pela cabeça.

A criança que guardo em mim continua a não gostar de dias de chuva. Mas ela, a criança, continua, isso sim, a gostar de saltar nas poças de água a pés juntos, apenas e só para ver a água “espirrar” para todo o lado e gosta, como sempre gostou, de andar à chuva, sem medo de se molhar, desde que em seguida lhe seja permitido tomar um bom banho quente!

A criança que guardo em mim continua a gostar de “perder” tempo em brincadeiras que há muito devia ter abandonado. Essa criança continua a olhar para as nuvens à procura de formas de objetos e animais e continua a criar pequenas histórias através dessas personagens; ela ainda gosta de brincar a fazer bolas de sabão apenas e só para observar as bolas coloridas a voar por aí, donas de mil cores, até explodirem num nada de vida.

A criança que guardo em mim continua a recitar velhas ladainhas e a realizar pequenas brincadeiras como cantar às joaninhas (que continuo a adorar) “Joaninha, voa, voa, que o teu pai está em Lisboa” ou a colher dentes-de-leão gritando antes de soprar sobre eles “o teu pai é careca?” explodindo numa gargalhada quando o dente-de-leão nos responde que o pai é mesmo careca.

A criança que guardo em mim continua a fazer amizade com todo o tipo de animais que com ela se cruzam na rua. Essa criança continua a ter longas conversas com eles, observando os seus olhares inteligentes e acreditando, plenamente, que se estão a entender na perfeição.

A criança que guardo em mim não perdeu o dom de ficar maravilhada com os pequenos mimos que nos permitimos de quando em vez: comer um gelado em fim de tarde, saborear um chocolate de olhos fechados enquanto nos evadimos para um pequeno mundo de sensações. A adulta que tomou conta deste corpo aprendeu a gostar de café e vinho mas a criança que guardo em mim ainda gosta de se deliciar com um cacau quente daqueles que nos deixam com uns bigodes que fazem rir os que estão à mesa.

A criança que guardo em mim, acorda em sobressalto, perante um saco de gomas que considera preciosas e que quer só para ela!

A criança que guardo em mim continua a realizar concertos em casa e no carro, cantando a plenos pulmões, dançando como se não houvesse amanhã pelos corredores da casa e a rir de si própria quando se vê ao espelho nestas figuras!

A criança que guardo em mim continua a sonhar, ainda que de uma forma diferente. Em criança sonhava com o dia “em que fosse grande”. Curiosamente, hoje, ela sonha muito com o que ficou para trás, lá naquele tempo da infância, nas pessoas que a povoaram e já não povoam o presente, nos cheiros que ficaram incondicionalmente ligados a esses tempos de meninice.

A criança que guardo em mim continua a acreditar que as pessoas são intrinsecamente boas e que, por isso, uma atitude positiva pode mudar o mundo. Essa criança acredita que o mundo é um lugar bom de se viver e que todas as pessoas são boas até prova em contrário. Por isso a criança que guardo em mim, e a adulta que sou, são felizes!

A criança que guardo em mim, é cheia de ingenuidade e tolerância para com o outro e, por isso, continua com um olhar, puro, de criança.

E sabem o que concluo no fim deste exercício de investigação pessoal?

Concluo que se a criança que guardo em mim, a criança que eu fui um dia, me viesse visitar, reconhecer-se-ia neste adulto a quem deu lugar. Não deixei que pelo caminho se perdesse a inocência e a capacidade de me maravilhar com coisas pequenas, não perdi a capacidade de brincar, nem  a capacidade de rir e, muito menos perdi, a capacidade de acreditar que amanhã será sempre um dia melhor. No fundo tornei-me uma adulta, guardando, como um tesouro, a criança que sempre habitou em mim.

Os gatos, essas sábias criaturas

A crónica de hoje, publicada no Semanário Registo, aborda a sabedoria inerente aos gatos no que a viver a vida da melhor forma diz respeito. O facto é que partilho a minha vida há muitos anos com gatos, nomeadamente com a gata Carlota (que está na foto) e muito tenho aprendido com eles. É sobre essa aprendizagem que vos falo nesta crónica. Enjoy!

In Semanário Registo

Adoro gatos. Quem me conhece sabe que esta deveria ser uma das principais informações a constar do meu curriculum vitae. A verdade é que gosto de animais em geral. Gosto muito de  gatos, cães, raposas, burros. Não aprecio tanto pássaros e peixes mas, ainda assim, gosto deles. Contudo, no universo de toda a animália, assumo que os felinos têm um lugar especial no meu coração. Considero-os seres diferentes e especiais (e, talvez por isso, tão incompreendidos). E quanto mais contacto com eles mais tenho a certeza que são, de facto, seres mágicos colocados no nosso caminho para nos ensinar a viver e, sobretudo, a retirar da vida o melhor que ela nos pode oferecer.

O que nos ensinam, então, os gatos?

Antes de tudo, ensinam que amam de um modo saudável. Amam sem esquecer do seu amor-próprio. Não tenho qualquer dúvida que os felinos gostam de nós. Aliás, partilho a minha vida com vários e todos eles me provam, de formas diferentes, que gostam de mim e que sentem a minha falta. É certo que eles cultivam um certo ar aristocrático que irrita muitos, um certo ar de “não estou nem aí para ti”. Acontece várias vezes chegar a casa, chamar a felina Carlota, e ela não mexer uma pata para se juntar a mim (“se não estiveste em casa todo o dia, por que razão deverei agora ir a correr para ti?” – pensará ela). Muitas vezes limita-se a estar no meio de corredor, estática, a olhar para mim com aquele ar de “ah, já chegaste? Finalmente decidiste voltar para casa?” No fundo, ela está tão convencida que estamos na casa que é dela para a servir que quase fica ofendida por a termos deixado algumas horas sozinha. E como não demonstra os seus sentimentos “por dá cá aquela palha”, opta por uma certa dose daquilo que nos parece desprezo. Acredito piamente que ela sente a nossa falta quando saímos de casa. Aquele olhar lançado num misto de zanga, tristeza e desprezo fazem-nos sentir culpados na hora em que fechamos a porta. Mas aí está uma das características fabulosas num gato. Ela sente a nossa partida, sim, mas depressa supera essa falta. Não fica numa espera em sofrimento. Ela escolhe aproveitar o sol e o tempo para dormir até que regressemos a casa. E essa é uma das características que mais me agrada nos gatos, uma daquelas características que mais nos ensina: são independentes e não fazem drama por coisa pouca. Amam-nos, sem dúvida alguma, mas não se esquecem de si e do seu amor-próprio. Portanto, nada de vir a correr a abanar o rabo quando, finalmente, chegamos.

A verdade é que os gatos apenas dependem de nós para uma coisa: abrir-lhes as latas de patê, que a maior parte dos felinos adora. Todo o resto é uma escolha para eles. Eles escolhem gostar de nós. Eles escolhem deitar-se no nosso colo. Eles escolhem usufruir da nossa companhia quando a desejam e escolhem isolar-se quando precisam de estar com eles próprios. No fundo, são eles que mandam na relação. Não fazem nada que não lhes apetece, não fazem nada contrariados. Não será esta uma boa lição de vida para nós?

Outra coisa que os gatos nos ensinam é o conceito de paciência. Estes animais são infinitamente pacientes. Na caça, aguardam calmamente que a presa se coloque quase à sua mercê. Não gastam energias correndo como loucos atrás dela. Nada disso. Aguardam até que, num salto prodigioso, mostram que conseguem ser perfeitas máquinas assassinas. Mostram-nos o mesmo nas relações que desenvolvem. Eles não criam confiança contigo de um dia para o outro. Constroem pacientemente uma relação de confiança, dia-a-dia, pé ante pé. Por isso, quando um gato confia em nós o suficiente para se deitar no nosso colo, sentimos que alcançámos uma grande conquista. Não estarão eles a ensinar-nos que as relações sérias são construídas com calma, assentando em bases firmemente construídas? 

Outra coisa que a Carlota (a felina) me ensinou é que o valor das coisas está nos olhos de quem as vê. Nada de comprar brinquedos caríssimos para ela, arranhadores todos giros ou túneis. Uma simples bola de papel diverte-a tanto como um brinquedo caro. No fundo, ela ensinou-me que, se ela dá valor, tem valor. Só isso.

A felina da casa ensinou-me, ainda, que só se deve ficar satisfeita com o melhor! Nada menos que isso. Efetivamente, ela adquiriu o hábito de “pedinchar” quando estamos à mesa. Mas sabe bem o que quer e pedincha. Quer uma boa lasca de peixe ou um pedaço de carne (sem gordura que a condessa acha que lhe faz mal!) Se lhe esticar um pedaço de pão ou algo que não lhe passe pelo fino palato retira-se imediatamente com ar ofendido. E lá pensa: “aí tens mais uma lição, humana. Ou te dão o melhor ou retira-te desse palco!”

Por fim, Carlota ensinou-me que tempo para relaxar é tempo para relaxar. Não a incomodem quando ela faz a sua fotossíntese ao sol! E ela, nesses momentos deitados ao sol, ou ao calor da lareira, descansa verdadeiramente. Desliga do mundo. Recupera as energias que gastou a correr aqui e ali. Ela mostra-me, na sua atitude sábia, que há tempo para correr e cansar-se e tempo para repousar e relaxar. Tudo bem doseado numa atitude de quem percebeu como a vida deve ser vivida.

 Adoro gatos. Sinto-os como pequenas enciclopédias que nos ensinam, numa atitude sábia, como a vida deve ser vivida. São animais tenazes, que sabem o que querem e, sobretudo, sabem muito bem o que não querem. Cultivam, perante a vida e as pessoas, uma certa atitude senhorial, que alguns entendem como desprezo, mas que mais não é do que alguma reserva perante pessoas e situações. Perceberam que as relações com humanos são construídas com tempo, paciência, persistência e uma dose de confiança. Cuidam de si como mais ninguém cuida. Talvez por isso se sinta que têm um excelente autoconceito. (Digo sempre que a Carlota cá de casa pensa que é da realeza!) Amam as pessoas como só um animal sabe amar, de coração inteiro, mas têm o bom senso de o demonstrar em pequenas doses diárias. Aproveitam o melhor que a vida lhes dá e não aceitam nada menos que isso. Não terão eles descoberto o segredo de bem viver?

Este país não é para fracos

Esta crónica que hoje vos proponho foi publicada no Semanário Registo e é partilhada, hoje, aqui no blogue. Não mais de 3 a 4 minutos de leitura a que podem acrescentar mais 2 minutos para partilharem a vossa opinião. Enjoy!

A vida percecionada através das redes sociais tem criado uma imagem do ser humano formatada. De um modo geral todos acabam por maquilhar, um pouco ou muito, a vida que apresentam nas redes sociais para que ela obedeça aos estereótipos  a que nos fomos habituando sobre a pessoa feliz e bem-sucedida. E de que estereótipos falo eu?

Ora, apresentando-os em algumas linhas, para não roubar muito do vosso tempo, poderemos dizer que o ser humano feliz e bem sucedido que nos apresentam hoje em dia um pouco por todo o lado é, antes de mais, alguém bonito ou  que procura ser bonito. Quero com isso dizer que é alguém que pratica desporto, que cuida da sua saúde ao mesmo tempo que cuida do seu aspeto físico. Alguém que procura ter um bom emprego, que possui algum desafogo monetário. Alguém que está de bem com a vida porque gosta da vida que leva, tanto a nível profissional como a nível pessoal. Profissionalmente é alguém seguro, determinado, proativo, firme nas suas convicções, um líder nato, independente. Não são essas as características que quase todos procuram deixar passar sobre si quando se querem apresentar a nível profissional? E a nível pessoal? A esse nível gostam de mostrar a sua vida um tanto ou quanto maquilhada por uma felicidade constante, recheada de momentos felizes entre amigos e família, férias e divertimentos em locais variados e bonitos, onde servem pratos diferentes e saborosos (que não se esquecerão de fotografar). No fundo, e a ter em conta toda a informação que nos vai sendo veiculada pelas redes sociais, são pessoas inteiramente felizes e bem sucedidas tanto a nível pessoal como profissional.

Mas…é claro que tinha de haver um mas…todos nós sabemos que não existem vidas perfeitas, certo? Todos nós sabemos que a vida “maquilhada” apenas com bons momentos e felicidade não existe. É claro que a felicidade são momentos e não um continuum. Então, por que raio continuamos nós a querer mostrar tanta perfeição na nossa pessoa e na nossa vida? Por que raio queremos tanto esconder que todos nós temos momentos de maior vulnerabilidade e tristeza?

O facto é que se criou uma sociedade que não aceita o feio, o pouco esforçado, o fraco, o triste, o amargurado, aquele que se apresenta sem forças para se mostrar feliz. No fundo, a sociedade não aceita toda e qualquer pessoa que não caiba nos parâmetros estereotipados criados nas redes sociais. Estamos numa sociedade que não gosta de pessoas sem brilho, e, ainda que saibamos que elas existem, prefere que elas se mantenham na sombra e em silêncio.

Mas a verdade é que, na minha forma de ver as coisas, tal como não existem pessoas absolutamente e sempre felizes, também não existem pessoas sempre fracas, pouco resilientes e tristes. Há pessoas fracas, sim, mas apenas em certos momentos ou fases da sua vida. Pessoas que se sentem fracas quando a sua vida aparece pontuada por dificuldades e sofrimentos que, naturalmente, fazem parte da vida mas com os quais a pessoa não consegue lidar naquele momento. Todos nos podemos sentir frágeis e fracos num determinado momento. A todos isso acontece. E, pergunto eu, não teremos direito a isso? Não terá essa pessoa enfraquecida e fragilizada o direito de se sentir assim, de  falar sobre isso e de, de algum modo, viver a sua dor, até que a consiga superar?

Considero que esse é um direito inalienável. Contudo, nos dias de hoje, o que assistimos é que quem se sente fraco e sem forças irá procurar escondê-lo e esconder-se. Sabe que tal não será aceite pela sociedade e portanto irá continuar a maquilhar  a sua dor e o seu sofrimento de uma alegria que não existe, de uma felicidade que não se vive, a sentir-se o único ser neste mundo que não vê a vida da forma colorida que todos os outros parecem ver. E é nesse momento que se abate o peso da solidão sobre o ser que se sente completamente errado e cinzento num mundo carregado de cor e felicidade. Daí a necessidade de se esconder. Mas a esses, os que se sentem vulneráveis e fracos, digo em alta voz que a vulnerabilidade é apenas um estado do ser humano, tal como o é a felicidade. E digo que é um estado que se pode alterar. Como tal, há que aceitar a fraqueza e a fragilidade que existe em nós e ter força para não lhes sucumbir. Há que aceitar que temos momentos de maior tristeza e maior fraqueza, percebendo que não podemos estar sempre felizes mas também não podemos estar sempre tristes. Pensar que só sabemos o que é ser feliz, sentir-se forte e resiliente porque já aprendemos o que é sentir-se triste, fraco e sem forças. E, depois disso tudo, concluir que é sempre possível superar as nossa fragilidades e transformá-las em força e coragem para ultrapassar essa montanha que por momentos nos parece intransponível.

Há que assumi-lo: por mais que se tente maquilhar essa realidade, todos temos momentos de vulnerabilidade, de tristeza, momentos em que nos faltam as forças. Por isso, há que deixar de acreditar que este país não é para fracos e aceitarmo-nos e assumirmo-nos tal como somos: com forças e fraquezas, com momentos bons e outros menos bons. Com episódios coloridos, em certos momentos,  e episódios cinzentos, em outros tantos. Há que assumir sem medos que nem sempre nos sentimos fortes e felizes. E assumi-lo, sem embaraços, perante todos. Deixarmo-nos de “maquilhar” de cores vivas a nossa vida só para parecer que somos iguais aos outros todos. E, por fim, há que acreditar, acima de tudo, que saberemos superar os momentos menos bons, que não nos deixaremos vergar pelas dores, fraquezas e vulnerabilidades. Afinal, aceitar a nossa vulnerabilidade como parte integrante do nosso ser será uma forma de, mais tarde, a transformar em força e coragem para superar as fragilidades. Será uma forma de superar os dias cinzentos e dar lugar aos dias coloridos.

Esta crónica foi-me inspirada por um grande amigo. Espero que estas minhas palavras lhe tragam alguma luz e cor aos pensamentos mais escuros que tem vindo a ter. “Das fraquezas fazer força” é o lema.

A vida é para ser vivida

A crónica que vos deixo esta semana foi publicada, simultaneamente, na edição deste mês do Semanário Registo.

3 minutos de leitura, mais um ou dois para deixarem a vossa opinião! Enjoy

A nossa existência, está constantemente em risco. Não é a forma mais animada de iniciar uma crónica mas o facto é que esta é uma verdade incontestável. Na nossa vida, morrer é a possibilidade mais certa, aliás, a única certeza que todos temos logo quando nascemos. Lembro-me, na minha juventude, de gritar ao meu pai que os problemas e desgraças podiam acontecer em qualquer lado e a qualquer hora quando o meu pai respondia ao meu desejo de sair à noite com um “não há melhor andar, que em casa estar”. Esta frase tinha o dom de me enlouquecer, confesso. Sempre tive, e penso que todos nós temos, mais cedo ou mais tarde, esta certeza de que a vida que nos é dada tem um prazo de validade e que findo esse prazo partiremos deste mundo. A maior parte de nós apercebe-se desta realidade aquando da primeira morte de alguém mais próximo. Até esse momento sentimos que é algo que pode acontecer mas que está lá bem longe… A primeira morte de alguém próximo obriga-nos a colocar firmemente os pés na terra e a perceber que, afinal, a morte não acontece só lá longe e que a possibilidade da mesma é algo com que temos de aprender a viver, diariamente.

Mas, passado o primeiro momento de tristeza, depressa aprendemos a viver sem pensar muito na possibilidade da morte. Até porque não temos tempo para pensar nessa possibilidade.  Para não enlouquecermos com essa ideia procuramos esquecer que a vida pode acabar num piscar de olhos, que, num repente, um acidente acontece, uma doença chega ou até que o inesperado acontece, tal como seja a chegada de um vírus que em menos de nada nos coloca numa situação de pandemia. Contudo, é um facto que não podemos negar: a vida está constantemente em risco. Morrer é uma possibilidade. O caos acontece nas nossas vidas e no nosso mundo, num fósforo. E por mais correta e adequada que seja a vida que levamos, nada disso nos pode livrar de uma doença ou de uma morte prematura. A morte acontece e não pode ser evitada.

Aqui chegados, tenho de esclarecer que não é minha vontade, agora que fomos presenteados com dias de sol brilhante, pôr-vos a pensar na morte e na sua inevitabilidade. Muito pelo contrário! A ideia é pensar na vida e refletir sobre a melhor forma de a gerir. Estes tempos de confinamento, de distanciamento social (com os quais devemos cumprir) podem levar-nos a olhar para a vida de uma forma ainda mais rotineira. A verdade é que já antes destes vírus muitos de nós estávamos presos a horas marcadas por “trabalho/ casa/ telejornal/ série/ dormir”. E todos os dias se repete esta receita, sensaborona. Passamos a semana a suspirar por um fim de semana que há de chegar! E quando chega, que fazemos? Ora, aproveitamos para fazer aquela limpeza máxima na casa. Aproveitamos os dias de sol para lavar e secar a roupa toda que podemos para assim estarmos mais livres durante a semana. Preparamos a próxima semana de trabalho porque assim será mais fácil o decorrer da mesma. Pergunto: quanto do tempo de fim de semana é aproveitado em prol de atividades nossas e que nos fazem bem (não só ao corpo mas também à alma)? Estamos presos à maior fatalidade dos nossos tempos que é a “falta de tempo” e à cegueira do “tem de ser concluído o quanto antes”. E a essa sobrevivência chamamos nós de viver. Mas, será isso viver? Será que quando a morte chega (cedo ou tarde) o nosso último pensamento vai para a casa limpa que deixamos, as roupas passadas e arrumadas no guarda-fatos, para os relatórios muito bem redigidos ou para aquela reunião em que, finalmente, conseguimos brilhar?

Não creio.  No final da vida  o que realmente importa serão aqueles momentos que foram preenchidos de vida: os momentos de qualidade que partilhámos com os nossos, aqueles momentos perfeitamente loucos em que rimos e gargalhámos, aqueles momentos em que nos permitimos ter tempo para parar e observar o mundo que nos rodeia.  Os acontecimentos que contam são aqueles em que, de facto, sentimos que nos estávamos a divertir e a aproveitar a vida com tudo o que de bom ela tem para nos oferecer. A vida, a amizade e o amor não podem ser cronometrados. Não podemos pensar que não temos tempo para isso. Temos a obrigação de construir esse tempo e de o viver intensamente.   

Não faz sentido viver sem diversão. Não faz sentido viver sem fazer aquilo que nos faz feliz; tal como não faz sentido viver sem aqueles que amamos efetivamente, aqueles que tornam o nosso mundo menos cinzento e mais brilhante, por falta de tempo. Por fim, não faz sentido viver de um modo morno sem criar memórias dignas de relembrar no momento em que abandonarmos este mundo. No fim de tudo o que importa e o que fica são os momentos em que nos sentimos verdadeiramente felizes e vivos.

Há que relembrar: estamos aqui. Não sabemos por quanto tempo. É a vida. Desfruta-a até a festa acabar.

É Natal! Festeje-se!

A crónica desta semana marca o regresso das crónicas no @Semanário Registo e o tema, como não podia deixar de ser num mês de dezembro, versa sobre o Natal. Uns minutos de leitura, imbuída em espírito de Natal. Enjoy!

Estamos nos inícios do mês de dezembro e, desde os seus primeiros dias que sentimos no ar que o Natal está a chegar. Bem, isso não será totalmente verdade. Afirmo, sem medos, que cheira a Natal desde o fim do Halloween. Passado o 31 de outubro observamos que as ruas se começam a engalanar, assim como as montras das lojas, relembrando-nos que o Natal está aí à porta! E nem vale a pena queixar sobre essas decorações extemporâneas. O comércio habituou-se assim, o mundo segue atrás e reclamar sobre isso de nada nos serve.

Juntamente com as decorações de Natal com as muitas luzes em todas as cidades, as montras das lojas decoradas aludindo à época natalícia e à urgência de iniciar as compras de Natal, teremos a chegada, à maioria das estações de rádio e a algumas ruas da cidade, das músicas de Natal que ouviremos até à exaustão. Teremos também, como vem sendo hábito nos últimos tempos, a chegada dos anúncios publicitários, que apelam ao espírito natalício e à lágrima fácil, habitualmente acompanhados de músicas que nos irão ficar no ouvido até provocar enjoos gravíssimos. E, last but not least, virão os habituais comentários e queixumes sobre a época que atravessamos. Aliás, posso dizer que já ouvi alguns deles: “O Natal já não tem o mesmo significado para mim”, “o Natal tornou-se, nada mais, nada menos do que uma época de puro consumismo”, “O Natal já não é amor” e, a mais proferida de todas “já nada é como era!”… Não querendo ferir suscetibilidades, a verdade é que poucos são aqueles que nunca disseram uma dessas frases.

É claro que o Natal já não tem o mesmo significado para nós. O Natal que vivíamos na nossa infância não é, nem pode ser, o Natal que vivemos hoje. Por mais que nos custe, a criança de outrora deu lugar a um adulto que não tem a capacidade de se maravilhar com as decorações, as luzes, as lendas e, (por que não admiti-lo?), as prendas. Se nós próprios mudámos tanto, como não iria mudar a nossa forma de encarar o Natal? É claro que muitas vezes dizemos essas palavras porque as famílias perderam alguns dos seus membros, porque existe uma ausência difícil de suportar nalgum lugar da mesa. E não quero, de modo algum menosprezar esse sentimento. Muito pelo contrário, também o sinto. Mas procuro pensar que, quer queiramos quer não, isto é a vida a ser vida. Existem ausências, sim, mas não existem também muitos lugares à mesa ocupados por caras novas, crianças que nasceram entretanto, que fazem parte da família e que estão, também elas, a criar memórias de Natal? O que irão eles dizer dos seus Natais daqui alguns anos? Provavelmente dirão exatamente o mesmo que nós: “O Natal de antigamente é que era!”

O problema, quanto a mim, não está no Natal de hoje e, muito menos no de antigamente. O problema (se é que é de um problema que se trata) está no ser humano. Temos uma tendência (e eu estou claramente incluída neste grupo) de olhar para o passado como a época de ouro, a época em que éramos mesmo felizes e a época em que o Natal era festejado a sério. O presente é sempre visto como um parente pobre dos anos passados, aqueles que, consideramos, foram de ouro. É inevitável: o ser humano olha para o passado sempre com um véu de nostalgia que o faz acreditar que aqueles tempos foram os melhores. De um modo geral, olhamos para o que vivenciamos no presente como uma passagem…do que foi muito bom, no passado, para o que será muito bom, no futuro.

Isso também é resultado de uma qualidade que existe em muitos seres humanos: guardar o que é bom de guardar e, de algum modo, esquecer o que foi mau, acreditando que o amanhã será sempre bem melhor. Portanto isto de “O Natal já não ser o mesmo de antigamente…” mais não é do que um saudosismo do que já passou. Quero acreditar que, se chegarmos a velhinhos, diremos naquela altura que o Natal vivido a sério era o de 2021!

Por fim, analisando a questão de o Natal ser puro consumismo…cabe-nos a nós fazer com que assim não seja. Eu assumo, sem pejo nem vergonha, que ofereço prendas no Natal. E acrescento: gosto imenso de oferecer prendas e aprecio bastante recebê-las. Como referi antes, faço uma lista das pessoas que quero mimar em cada Natal e estipulo o valor que quero gastar com cada uma delas. Depois disso, tendo as balizas monetárias criadas, parto em busca da melhor prenda que possa encontrar para as pessoas que fazem a minha vida ter sentido. Chama-se a isso consumismo? Não acho. Para mim chama-se mimar aqueles que gosto, aqueles que têm um bocadinho do meu coração a viver neles. Dar e receber: prendas, mimos, pequenas lembranças feitas por nós…o que seja. Mostrar que gostamos das pessoas e que, por isso, as queremos acarinhar com algum tipo de dádiva. É claro que não entro em desvarios. É claro que não gasto mais do que aquilo que poderia gastar. Mas a isso chama-se “ter bom senso”. Não preciso de datas especiais para oferecer uma prenda. É verdade. Mas, isso não invalida que goste de assinalar as datas especiais com um qualquer mimo!

Termino informando que não sou uma incondicional do Natal, não adoro a festa em particular mas a verdade é que também não a consigo deixar passar em branco. Não me faria sentido passar essa data sem poder estar reunida com aqueles a quem chamo família. Gosto, assumo, das decorações: desde as que temos em casa àquelas que encontramos nas nossas cidades. Sinto que as luzes criadas pelo homem oferecem um aspeto encantado às cidades que me deixa uma sensação quentinha no corpo e na alma. Gosto, assumo, de poder trocar umas prendinhas com as pessoas que me são especiais. Faço-o na mesma lógica que os gatos usam quando nos trazem um infeliz pássaro morto até à porta, como quem nos oferece uma dádiva. Uma forma de dizer “gosto de ti”.

 Por fim, queria ainda salientar que não entendo o porquê de “o Natal ser para as crianças”. Para mim, o Natal é amor e o amor deve ser distribuído e espalhado por todos aqueles que são, de algum modo, “nossos”. Por isso, e para mim, o Natal é para todos, os mimos são para todos, mostrar o amor que sentimos é para todos.

Apologia da sesta!

Ainda com um ligeiro espírito de férias, publicámos esta “Apologia da Sesta” no Semanário Registo e deixamos o registo, agora, aqui no blogue. Enjoy!

Sempre ouvi dizer que “De Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos”. Penso que tal afirmação remonta ao “tempo dos reis” (adoro usar esta expressão, que define tão pouco do arco temporal a que nos referimos), sobretudo ao tempo dos Filipes e à nossa perda de independência. Contudo, é uma máxima que se manteve até aos nossos dias, ainda que hoje seja utilizada, penso eu, mais num tom de graça do que propriamente com o sentimento que era pronunciada nos ditos tempos dos Filipes (não quero, de modo algum, ser acusada de lançar no “papel” ideias xenófobas).

Um facto é que de Espanha, para além de muitas outras coisas, vem algo de que eu, pessoalmente, gosto muito: a sesta. Considero que, nesse aspeto, os nuestros hermanos compreenderam a vida de uma forma bem mais correta do que aqui os seus irmãos portugueses e instituíram a sesta, aquele soninho de curta duração após o almoço como uma instituição na qual não se deve mexer. Sim, eu sei que é uma tradição espanhola que se está a perder aos poucos, mas eu prefiro acreditar que, lá por terras de Espanha, os trabalhadores continuam a ter uma hora de almoço alargada para assim poderem desfrutar da sesta que todo o trabalhador deveria poder usufruir.

Sou pela sesta pós-almoço. Em tempo de férias, sempre que posso, dormito uma meia hora depois de rechear condignamente o estômago.  Mas também sou pela sesta de fim de tarde, quando estamos a trabalhar e chegamos a casa cansados. A verdade é que poderia iniciar um movimento pró-sesta porque eu sou mesmo é a favor da possibilidade de descansar uns 20 ou 30 minutos quer seja a seguir ao almoço, quer seja ao fim da tarde. E, sim, só 20 ou 30 minutos. É a isso que se chama sesta e não a uma tarde inteira passada a dormir, seja num sofá, seja à sombra de uma qualquer árvore.

E não se pense, desde já, que aqueles que defendem e que podem usufruir de uma sesta pós-almoço são os preguiçosos que só pensam em dormir! A verdade é que a ciência já provou que a sesta traz benefícios. Existem estudos que nos dizem que apenas 20 a 30 minutos de uma sesta permitem recuperar o cansaço e refrescar a mente. (E a verdade é que, sempre que me é possível dormir uma sesta destas, sinto que fico com força e energia redobrada!). Esses estudos referem também que uma sesta de qualidade ajuda a combater o stress uma vez que ajuda a reduzir as tensões provocadas pelo trabalho. Também se afirma que uma sesta durante o dia poderá melhorar a capacidade de aprendizagem. Um estudo realizado por investigadores da NASA demonstrou que a sesta aumenta as faculdades cognitivas em aproximadamente 40%. Estudos efetuados numa amostra de mais de 1000 pessoas demonstraram que as pessoas que trabalhavam sem descanso obtiveram uma pontuação mais baixa em testes de inteligência. Os estudos em causa revelaram ainda que a capacidade para memorizar e realizar tarefas profissionais diminuiu nos indivíduos que não dormiam, em comparação com os indivíduos que dormiam após a refeição. Posso ainda dizer-vos que a sesta beneficia a nossa saúde de um modo geral e a saúde cardiovascular, em particular, uma vez que a sesta beneficia o coração. Convencidos sobre a utilidade da sesta?

Volto a lembrar que falamos aqui dos benefícios de sestas de 30 minutos que poderão ser arrastadas, no máximo até aos 60 minutos (nos adultos). Caso assim não seja, poder-se-á entrar num sono profundo o que pode provocar confusão e indisposição ao acordar além de poder contribuir para as insónias à noite.

É claro que não é fácil dormir esta sesta no nosso dia-a-dia. Ainda que algumas pessoas tenham uma hora de almoço mais alargada que lhes permitiria até fazer uma “sestinha”, a verdade é que, a maior parte de nós, está longe de casa e não se pode permitir esse luxo. Vai daí (e voltamos aos “nuestros hermanos”) umas mentes iluminadas criaram um conceito bem simpático: cafés que oferecem a possibilidade de se alugar um quarto para fazer uma sesta. Não é isto fabuloso? É claro que tudo isto não é novidade absoluta, sendo que no Japão já existe muita oferta baseada nesse conceito mas gostei da ideia de já termos cafés aqui tão perto a pensar na importância da sesta. Por mim, importem, desde já, a ideia para Portugal!

A juntar a tudo isto tenho ouvido que algumas escolas nos Estados Unidos estão a criar nas escolas umas salas dotadas de cadeirões confortáveis, luz suave e música relaxante onde os professores poderão descansar e, digo eu, dormir uma sesta. Nunca sonhei em ir trabalhar para os Estados Unidos mas assumo que sonho em trabalhar numa escola que tenha uma sala destas!

Sou uma adepta das sestas. Sempre que posso, procuro dormir uma sesta. E, cumpro sem qualquer problema, os minutos máximos “permitidos”. Uma sesta de 20 minutos deixa-me totalmente renovada e pronta para mais umas horas de trabalho. A sesta preferida é, claramente, aquela depois de almoço. Mas, é verdade, a maior parte das vezes não me é possível dormi-la. Assim sendo, e sempre que posso, durmo a sesta do fim de tarde. E posso, por isso, comprovar-vos que uma sesta de 20/ 30 minutos nos dá muito mais do que aquilo que à partida nos rouba (tempo).

Com toda esta dissertação, espero ter-vos conquistado para a “equipa dos que dormem a sesta”! Verão que apenas tirarão lucros desta atividade…ou deveria dizer inatividade?