Das sombrinhas de chocolate às bombocas: os meus ódios de estimação nos anos 80

É sobejamente sabido, para quem me conhece, e, simultaneamente, para quem segue este blogue há algum tempo, que sou uma fã dos anos 80. Adoro a música dos anos 80 no geral, deixa-me bem disposta, e uma das minhas músicas favoritas – o fantástico We are the world – data dessa década. Dançar numa pista ao som destas músicas dos eighties continua a ser, para mim, uma das melhores formas de passar uma noite entre amigos!

Dos anos 80 relembro, também, com alguma nostalgia as séries que via nessa época (quer fossem desenhos animados como o inesquecível Tom Sawyer, As misteriosas cidades do ouro, a Heidi e o Dartacão) quer fossem séries com personagens de carne e osso como o memorável Verão azul, Quem sai aos seus, MacGyver, Modelo e Detetive e o inolvidável Alf.

A moda da época também é inesquecível mais que não seja porque me diverte. Havia, de facto, coisas estranhas: os chumaços nas camisolas que faziam com que todos parecêssemos jogadores de futebol americano, os cabelos muito volumosos (era cada poupa que algumas mulheres mais altas deviam ter dificuldades em passar em certas portas), as perneiras,… Mas a verdade é que a moda já deu uma volta completa e já estamos a usar – e a achar muitíssimo fashion – algumas peças de roupa altamente conotadas aos anos 80.

A maior parte dos que passaram a sua infância e/ ou adolescência nessa década relembrá-la-á com saudosismo. Penso que não serei só eu a pensar assim.

A este saudosismo das roupas, das músicas, das séries e das brincadeiras (aquela famosa ideia de “no meu tempo é que era”) juntam-se as memórias e as saudades de comida (a maioria doces) que consumíamos quando jovens e deixámos de o fazer (porque os tempos que vivemos são de consumos que se querem saudáveis e os dos anos 80 tinham uma tendência a serem altamente calóricos!)

Creio que já escrevi sobre esse tema: coisas que comia na infância e que me deixam muitas saudades. Portanto, não será esse tema que me traz aqui hoje. Pelo contrário: o que hoje me traz aqui é falar-vos de algo que sinto quase como uma heresia. No fundo, procuro por cá pessoas que me leiam e que partilhem do meu desamor para  com alguns “alimentos” que fazem parte do meu universo infantil e adolescente dos anos 80. Comecemos pela pior coisinha que Deus inventou para colocar na terra: o Tulicreme!

Digam-me, almas santas, quem no seu perfeito juízo poderá gostar daquilo?. Aquela pasta estranha, com gorduras 100% vegetais e sabor, diziam eles, a cacau, foi algo que nunca me agradou. A frase, tantas vezes ouvida do “queres um papo-seco com Tulicreme?”” dava-me arrepios. Aquilo era intragável e há que dizê-lo sem medos! Há por aí pessoas que odeiam Tulicreme? Ponham o braço no ar, se faz favor. No conceito “gorduras vegetais que servem para barrar o pão” há que falar na terrível instituição que ainda hoje se mantém de pedra e cal:  a horrenda Planta!

Não gosto! Sabe mal! E, há que sublinhar, de uma vez por todas, que margarina NÃO É MANTEIGA!!! Acreditam que estamos em 2022 e ainda me acontece questionar, no café, se o pão com manteiga vem mesmo acompanhado com manteiga ou se vem com margarina e o empregado não conseguir distinguir uma da outra? E não pensem que estou a exagerar! Aconteceu-me há relativamente pouco tempo, num café aqui da cidade. Pontos nos is: manteiga é uma coisa: é saborosa, sabe muitíssimo bem num pão fresco a acompanhar um leite com café. Planta é margarina e sabe mal que dói! E já que estamos no capítulo Planta, desculpem os sensíveis amigos da sanduiche de Bolacha Maria mas essa também não é uma ideia vencedora.

O conceito: bolacha Maria/ manteiga, ou margarina, bolacha Maria, não é um conceito vencedor. Aquela camada de gordura no meio de duas bolachas só faz com que aquilo se cole ao palato, por ter criado uma argamassa estranha e pouco saborosa. E calem-se as vozes que, neste momento, dizem que para tornar tudo mais apetitoso, polvilhavam a margarina com Nesquick porque isto só torna a ideia ainda pior.

Bem…agora sei que vou pisar um campo minado. Vamos falar dos pesos pesados das guloseimas dos anos 80 que eu não aprecio. Se é uma pessoa sensível talvez deva parar a leitura por aqui. Se, ainda assim, depois desse aviso decidir continuar a sua leitura, aviso que está por sua conta e risco. Então cá vai: nunca gostei daquelas sombrinhas de chocolate da Regina.

Não me lembro de conseguir comer uma até ao fim! E ainda vos digo mais: não me lembro de ser fã de qualquer chocolate da Regina. Peço desculpa pela sinceridade mas é a mais pura verdade. E já que estamos no tema chocolates…vamos lá largar a bomba. Ou, melhor dito, a bomboca. Eu sei que depois de dizer isto corro o risco de ser espancada mas a verdade é que nunca apreciei (e até me dão uma certa agonia) bombocas.

Tivessem elas o sabor que tivessem…sei lá, aquilo nunca me agradou. A parte de dentro enjoava, o chocolate de fora não era grande coisa… Aquilo era tudo menos bom! Sinceramente, não entendo o culto criado à volta dessa “bola de material estranho com uma base esquisita envolta em chocolate”. Bah!.. Como raio tem “essa coisa” tantos seguidores? Aqui chegados ainda vos quero falar de um must have das festas de aniversário dos anos 80. As famosas Tortas da DanCake.

. Caramba, desculpem lá, mas aquilo não é saboroso. Que fossem as de morango ou as de chocolate (e, creio, que ainda provei umas de baunilha), aquilo nunca me soube bem: nem o bolo, nem o recheio. Questiono-me como é que sobrevivem até aos dias de hoje. Mau demais! Deixo-vos, por fim, com um apontamento sobre as bebidas. Assumo que nunca apreciei bebidas com gás mas o Sumol, nos anos 80, era mau demais (eventualmente ainda será!…) Lembro que, de quando em vez, para ser como os outros, lá pedia um Sumol (aquele da garrafa verde com as letras impressas, diretamente no vidro, em branco).

E tenho a ideia que, quer pedisse Sumol de Laranja, quer pedisse de ananás (não sei se havia outros sabores) nada daquilo me sabia, ainda que remotamente a fruta. Continuo a não apreciar e a não beber Sumol. Neste capítulo sobre bebidas quero relembrar, para terminar, algo que provavelmente só terei provado nos anos 90 mas que quero referir neste texto: o Pisang Ambon.

O que era aquilo?? Como raio uma bebida verde, com aspeto pouco apetitoso, podia aspirar a ser altamente consumida? Questiono: O Pisang Ambon ainda existe?

Fico por aqui. Acredito que, neste momento, já tenha uma caterva de gente a odiar-me! Alguém se identifica com algum destes meus ódios de estimação? Ou, pelo contrário, adoram todas as coisas “deliciosas” que citei acima? Partilhem comigo as vossas memórias e gostos.

PS: Também não apreciava Pintarolas!

4 comentários em “Das sombrinhas de chocolate às bombocas: os meus ódios de estimação nos anos 80

  1. Olá boa noite,

    Vou fazer uma festa de 54 anos no dia 10 de Junho e o tema são os Anos 80.

    Será uma festa intimista e só com família e amigos.

    Gostava de saber se me permite afixar uma cópia do seu texto na festa?

    Devidamente identificado obviamente.

    Acho brilhante.

    Um beijinho,

    Maria João Mourinha

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  2. Li todo o texto e Apreciei muito. Certo que fui avisado que deveria parar nas sombrinhas de chocolate, mas obviamente não me contive perante tamanha qualidade do texto apresentado e eis que…largou a BOMBoca!
    É inquestionável o meu apreço pelas BOMBOCAS, e acredita que apenas 0,1% das pessoas que conheço dizem não gostar de BOMBOCAS. Portanto, tens 2 possibilidades : ou aprendes a gostar de BOMBOCAS ou relego-te para os anos 90.
    Parabéns. Excelente texto.

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